Reajuste de preços de medicamentos: entenda como afeta os pacientes
Desde segunda-feira (31), os preços máximos de medicamentos podem sofrer reajustes de até 5,06%, dependendo da concorrência no mercado. A taxa varia conforme a categoria do produto, e o impacto real para o consumidor pode ser menor devido à competição entre farmácias e estoques existentes.
Como funciona o reajuste?
Os medicamentos são divididos em três níveis, com aumentos máximos diferentes:
- Nível 1 (alta concorrência): 5,06%
Exemplos: antidepressivos, antibióticos, analgésicos e soluções de cloreto de sódio. - Nível 2 (média concorrência): 3,83%
Exemplos: antidiabéticos, hormônios e antigripais. - Nível 3 (baixa ou nenhuma concorrência): 2,60%
Exemplos: insulina, antivirais para HIV e vacinas (gripe, HPV, hepatite).
Segundo Nelson Mussolini, presidente executivo do Sindusfarma, o reajuste efetivo deve ficar abaixo do teto devido à disputa entre farmácias e estoques já adquiridos.
Impacto nas doenças crônicas mais comuns no Brasil
1. Hipertensão (atinge 30% dos brasileiros)
A maioria dos medicamentos está no Farmácia Popular (gratuitos ou com desconto) e pertence ao Nível 1 (5,06%). Pacientes geralmente usam combinações de:
- Diuréticos (ex.: Hidroclorotiazida)
- Bloqueadores de cálcio (ex.: Amlodipina)
- Inibidores da ECA (ex.: Captopril, Losartana, Enalapril)
- Betabloqueadores (ex.: Atenolol, Propranolol)
2. Diabetes
- Metformina (Farmácia Popular – Nível 1)
- Insulina glargina (Nível 3 – pouca concorrência)
3. Dislipidemia (colesterol alto)
- Sinvastatina (Farmácia Popular)
- Atorvastatina (Nível 1 – alta concorrência)
Depressão: medicamentos mais caros e exclusão do Farmácia Popular
O Brasil é o país com maior taxa de depressão no mundo (11,3% da população), mas antidepressivos não estão no Farmácia Popular, mesmo com reajuste de 5,06% (Nível 1).
Antonio Geraldo, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), alerta:
- 500 mil trabalhadores são afastados anualmente por doenças mentais.
- O custo elevado leva muitos a abandonarem o tratamento.
Fiscalização e denúncias
Os preços não podem ultrapassar os limites da CMED/Anvisa. Pacientes podem denunciar abusos no site da Anvisa.
Site da Anvisa para as pessoas poderem fazer denúncias se perceberem que o reajuste está acima do teto.
(Fontes: Sindusfarma, Anvisa, Ministério da Saúde, ABP)